Dei-te o melhor de mim

Há, em cada um de nós, uma vontade de levar a cabo o mais profundo sonho; uma vontade tão grande que nos prende no querer. Há, em cada um de nós, a luz do dia que bate na janela. Somos só nós e só as nossas coisas; há nós e o nosso pequeno livro de colagens, recortes e pequenas notas, que vamos deixando aos poucos. Procuramos sorrir à vida em todos os momentos, sorrir a todos e fazer cada um sentir-se em casa, por entre a nossa alma rabiscada. É na bondade do coração, que se vê nos olhos de cada um, que todos se podem perder, entrando num mundo que não é o seu. Um mundo que não acreditamos existir, sem ser acima das nuvens, existe naqueles olhos. Naqueles que têm o sonho de chegar ao próprio cais em paz. Só tu podes levar o teu barco mais longe, leva sempre o teu pequeno livro e deixa sempre o teu rascunho para que eu continue a escrever-te. Segue o teu sonho, que eu escrevo-te. Sonha mais alto e eu levo-te aonde queres chegar, escrevo e deixo que sintas que podes tudo. Escrevo-te

E foi. Um passo de cada vez... De pés descalços e coração aos pulos. Ouvia um barulho que não parecia ser dos seus pés, não parecia estar sozinha. Mas estava. Fazia frio e concentrava-se no trilho, que seguia com os olhos, para não pisar nada que a magoasse. Embora o caminho lhe fosse familiar, ela não arriscou. Ela não sabia para onde ia ao certo mas deixou-se ir. A brisa era leve, fazia-lhe voar os caracóis e ela gostava da sensação. As folhas estavam húmidas e o ar, que respirava fundo, gelava-a. Queria perder-se para que nunca tivesse de deixar de ali estar. Desejava pertencer ali. Ansiava não se sentir mais presa, porém já era livre do lado mais importante- o lado de dentro! Os ombros não lhe pesavam mais, o coração doía, tem sempre que doer. Tem que arranjar uma maneira de mostrar que lá continua, intacto ou não. Ouvia-se a àgua do rio e o cantar dos tordos.Olhou, por momentos, para cima. O sol cegava e o frio queimava. Mesmo assim, sentia-se com toda a força para con